O termo pimenta vem do latim pigmentum (pingere, pintar), que no espanhol virou pimienta, passando depois ao português. Registros arqueológicos mostram que as pimentas vermelhas já eram utilizadas 9.000 anos atrás, na América Central, e 2.500 anos antes de Cristo no Peru. Hipócrates, médico e filósofo grego, considerava a pimenta do reino como um verdadeiro remédio. No Brasil foi dado o nome pimenta a diversas plantas pelo sabor picante semelhante ao dos frutos da Piper nigrum (pimenta do reino). As pimentas são difundidas em todo o Brasil, e pertencem, em sua maioria, ao gênero Capsicum e à família Solanaceae. Existem cerca de 2.500 espécies catalogadas de pimentas da família Solanaceae, gênero Capsicum.

É preciso desmistificar os malefícios que as pimentas podem provocar à saúde, e ressaltar os benefícios que efetivamente promovem. Principalmente as do gênero Capsicum, que possuem a substância capsaicina, que, além de ser a responsável pela sensação de ardência, é uma substância que auxilia a digestão, estimulando o movimento do colo intestinal e a secreção salivar. Não é recomendável para quem tem problemas gástricos, mas quando usada com moderação, tem elevado valor nutricional e poder curativo, além de ser poderosa fonte de vitaminas A, C e B, de magnésio, ferro e aminoácidos. Pesquisas indicam que as pimentas são excelentes para combater as cefaléias e as dores de dente, aumentando a atividade metabólica e queimando calorias. É interessante destacar que pesquisas recentes mostraram que, a verdade, ação da capsaicina faz-se no córtex cerebral, simulando a sensação de ardência. Para o organismo sadio ela não faz nenhum mal, mesmo em maiores quantidades.

Em 1912 Wilbur Scoville, químico que trabalhava para a indústria farmacêutica, desenvolveu um método para medir o nível de calor, ou o teor de ardência das pimentas, a “unidade de calor Scoville” ― uma variável que vai de 0 a 16.000.000 SHU. O método é baseado na degustação das pimentas puras moídas em diluição crescente de água e açúcar, alcançando o ponto em que a boca já não mais arde. A partir desta experimentação, foi atribuído um número (SHU) a cada pimenta, que, pelo método, corresponde ao grau de ardência da mesma. Apresenta-se adiante a tabela proposta por Scoville, e aceita atualmente como padrão, para se ter uma idéia do que significa a ardência das pimentas.

  • Pimenta Betel (Piper betel) – Pimenta nativa da Índia, Ceilão e Malásia, onde é conhecida como khanvchim panam. Quando misturada com cardamomo é considerada como bom afrodisíaco.
  • Pimenta Biquinho – Encontrada em Minas Gerais, com dois tipos diferentes ― a pimenta picante e a pimenta doce, que não tem picância alguma, sendo empregada como ótimo petisco, acompanhando também as saladas.
  • Pimenta-de-Bode – As frutas são arredondadas e achatadas, como uma cereja, de cores vermelha, alaranjada ou amarela.
  • Pimenta Caiena – Condimento picante, proveniente dos grãos triturados das pimentas malaguetas secas, e largamente empregado na culinária mexicana, sendo conhecido pelo nome de chili. Torna mais picantes os pratos de caril e é usada para condimentar queijos, peixes e frutos do mar.
  • Pimenta Calabresa – De origem européia, tem a cor vermelha e é bem ardida. Encontrada em flocos secos, é utilizada para condimentar lingüiças, salsichas, salames, mortadelas, canapés e molhos diversos para churrascos, aves e carnes.
    • Pimenta Cambuci (Capsicum baccatum) – Seus frutos vermelhos têm forma de campânula ou de sino. Com sabor adocicado, pode ser utilizada em saladas.
  • Pimenta-de-Cheiro – Espécie de pimenta amarela menos ardida do que a malagueta, possuindo formato arredondado, sendo bastante perfumada. É muito utilizada nas cozinhas baiana e nordestina.
  • Pimenta Chili – É uma das variações da pimenta-malagueta, porém bem mais ardida. Usada na culinária mexicana, é encontrada em forma de pó e de frutos em infusão de óleo ou vinagre.
  • Pimenta Chora-Menino – Pimenta de cheiro, geralmente amarelada de tamanho grande e bem picante. Indicada para saladas, peixes, caldos e sopas.
  • Pimenta Cumari – Possui frutos triangulares e amarelos quando maduros. Bastante picante, é utilizada em conservas.
  • Pimenta Dedo-de-Moça ou Chifre-de-Veado – Uma das pimentas mais conhecidas e consumidas no Brasil, cuja fruta é fina, alongada, de cor amarela ou vermelha, ardendo com moderação.
  • Pimentas-de-Java (Piper retrofactu) ― Pimenta cinza-escura empregada na China,
  • Pimenta d’Espelette (Ezpeletako Biperra) – Pimenta vermelha típica do País Basco, na França ― Solanáceae, do gênero Capsicum. De grande importância regional, possui sua própria Appellation d’Origine Controllée.
  • Pimenta Jalapeño (Capsicum annuum) – Espécie de pimenta de cor verde, bem ardida, possui formato comprido, sendo bastante utilizada na cozinha tailandesa. Deve ser empregada com bastante cuidado, devido a seu ardor intenso.

Pimenta-da-Jamaica (Pimenta tipo Karst) – Este condimento assemelha-se a grandes grãos de pimenta, mas o seu gosto parece uma mistura de noz-moscada, macis, canela e, especialmente, cravo. Utiliza-se em bolos de frutas, empadas de carne picada e pudins. É um ingrediente importante no preparo de carnes vermelhas.

Tipo de Pimenta e seu Grau Scoville
Habaneros
  • Pimenta Malagueta (Capsicum frutescens) – Arbusto genérico da família das Solanáceas, possui várias espécies, sendo cultivada em regiões tropicais, em praticamente todo o mundo. Existente na África à época da escravatura, provavelmente chegou ao Brasil trazida pelos negros escravos. É conhecida também como cumari, piripiri, pimenta de Caiena, pimenta de Zanzibar e pimenta de Touraine.
  • Pimenta Piripiri – Membro da grande família das pimentas, possui várias formas, tamanhos e cores. É o ingrediente que torna picantes os pratos de caril, mas cada espécime varia em força. O piripiri verde fresco é apanhado antes de amadurecer, e o vermelho já está maduro, mas não é necessariamente mais picante. Em geral, o piripiri carnudo é mais suave do que o piripiri pequeno. As sementes são a parte mais picante e convém retirá-las.
  • Pimenta do Reino (Piper nigrum– Pertence à família das Piperáceas. Este grupo de pimentas inclui os grãos de pimenta verde, branca e negra. Os grãos de pimenta verde são colhidos precocemente e são preparados em salmoura. A pimenta verde inteira em salmoura é ótima em molhos para frango e carne de boi, possuindo um sabor mais leve. Os grãos de pimenta branca são preparados deixando-se amadurecer até tomarem a cor vermelha, quando são descascados e deixados a secar. Já os grãos de pimenta do reino negros são colhidos maduros e deixados a secar, adquirindo um sabor bem picante.
  • Pimenta Rosa – Embora conhecida com esta denominação, não é verdadeiramente uma pimenta, e sim a semente da aroeira-do-amazonas (Schinus terebinthifolius), aroeira-vermelha ou aroeira-do-Peru. Bem perfumada quando rompida sua casca, deve ser empregada com parcimônia nas preparações culinárias, para não alterar o equilíbrio dos aromas e gostos. Tem o formato e tamanho da pimenta do reino.
  • Pimentão (Capsicum annuum– Originário da região tropical da América Latina, da família das Solanáceas, pode ser encontrado nas cores vermelha, verde, roxa ou amarela. O pimentão pode ser desidratado por um processo moderno que retira a água de legumes e vegetais mantendo suas características naturais. Deve ser utilizado fresco em saladas frias, cozidos, recheados, salteados ou re-hidratado em saladas, molhos e recheios. O pimentão vermelho pode ser reduzido a pó, e assim é largamente conhecido como páprica.

Pimentas Habanero e Scotch Bonnet (Capsicum chinense) – São consideradas duas das mais ardidas pimentas em todo o mundo Devem ser manuseadas com cuidado, pois se uma gotícula for levada aos olhos ou ao rosto pode causar dores intensas. Podem apresentar variados formatos ― redondas, alongadas, e em formato de lanterna. Suas cores podem variar entre o branco, amarelo, laranja, vermelho e marrom quando madura, sendo originárias do Caribe e da costa do norte do México. A habanero foi a primeira pimenta a ser cultivada pela civilização maia.